domingo, 18 de junho de 2017

Profissionalismo assassinado pela falta de missão!

Nos dia de hoje a busca por uma profissão, por um emprego, por um investimento, pelo negócio próprio muitas vezes está motivado simplesmente por uma questão de dinheiro que na maioria das vezes não está relacionada somente a sobrevivência, mas a alguns luxos desejados na vida.
Uma experiência própria, foi em 2008, quando fui convidado para uma entrevista de emprego onde visavam levar uma equipe de professores para cursos técnicos na Angola com promessa de um contrato de 3 anos, sendo que a cada 6 meses visitaríamos o Brasil por 1 mês. O salário proposto era de U$$10.000,00 (dez mil dólares) a cada mês e todas as despesas pagas, ou seja, uma oportunidade de em 3 anos acumular U$$360.000,00 (trezentos e sessenta mil dólares).
Ao chegar à entrevista havia engenheiros recém-formados, pessoas mais experientes e eu como técnico em eletrônica ainda e cursando o 3º semestre de engenharia em controle e automação. Foram feitas várias dinâmicas naquela tarde e participei de todas sem nenhum problema e até com boa desenvoltura, mas eu sabia de uma coisa: somente o dinheiro não me manteria em Angola. No final de todas as atividades foi solicitado que cada um dos participantes fosse à frente, lembro-me que estavam ali umas 15 pessoas, para falar de si mesmo e como contribuiria nesse projeto se fosse escolhido. Ouvi atentamente o discurso repetitivo de reconstrução da Angola e agregar valor para aquele povo sofrido. Na minha vez eu descrevi meu perfil e abri um parêntese para minha experiência anterior que foi um trabalho de 5 meses em Manaus fazendo a automação do hospital do câncer (FCCOM), e como aqueles 5 meses duraram 5 anos, e como foi pesado porque eu aceitei o trabalho simplesmente pelo dinheiro, hoje eu encaro diferente, depois do que vi antes de sair deste trabalho, várias pessoas se beneficiando com o novo hospital inclusive crianças e se minha missão fosse essa (mas de verdade, não da boca pra fora) esses 5 meses teriam passado voando. Agora eu estava ali para ser recrutado para trabalhar em províncias (não na capital Luanda) que ainda possuíam minas da guerra civil com risco de explosões a todo instante e vivendo em cativeiro por conta dos riscos, resumindo eu declarei que não iria porque não havia em mim uma missão para me levar até Angola e simplesmente a ambição por dinheiro que iria interromper a minha faculdade e a vida corrida, mas com riscos bem menores aqui na Bahia e com toda infraestrutura e olhe que naquele tempo eu não ganhava nem 1/4 do que estavam oferecendo. E fiz um alerta que quem fosse sem uma missão não conseguiria ficar. Fiz algumas amizades ali e dentre estes alguns foram escolhidos e em 6 meses me ligaram que voltaram para ficar porque não suportavam o lugar e a situação ali.

Já outro dia em minha rotina diária vindo de ônibus para o trabalho, às vezes divido a condução com um rapaz muito discreto que trabalha para esses órgãos de controle de trânsito, ao chegar ao viaduto da entrada da cidade de Camaçari havia 1 caminhão quebrado e o trânsito já estava começando a complicar. Sem hesitar o rapaz pediu para descer do ônibus, orientou o motorista que iria livrar a passagem e como ele deveria manobrar, mas todos pensamos que ele nos livraria do trânsito e retornaria ao ônibus e quando o motorista parou para que ele entrasse ele disse: “adianta seu lado que vou assumir aqui até algum colega chegar”. Aquela não é a região de trabalho dele, mas mostrou que quando assumiu aquela farda, não verá um problema no trânsito e vai ficar parado porque sua missão é fazer o melhor naquilo que se propôs a fazer que é ajudar as pessoas a lidarem com as dificuldades do trânsito mantendo a ordem no mesmo.
Dan Miller é um orientador de carreiras reconhecido nacionalmente nos EUA, em seu livro 48 Days to the Work You Love e em sua atividade como orientador, ele sempre força indivíduos e empresas a pararem o que estão fazendo para pensar em si mesmos antes de voltarem a ser como eram. No best-seller Lider Empreendedor, o autor Dave Ramsey mostra com a experiência pessoal como é importante primeiro pensar na missão para que a perseverança o acompanhe naquilo que fizer.
Em um tempo onde as direções mudam com o humor, mudança de olhar, crise, paixões de minutos, planos de dias, sem uma missão que determinará o seu ponto de chegada, viverás uma vida sem rumo certo com a grande probabilidade de chegar a lugar nenhum.
Daí chega o momento que não vai adiantar ninguém te perguntar: cadê o profissionalismo?
Espero ter aberto um bom ponto para reflexão e discussão. Deixe aqui sua opinião e se acha que vale a pena outros saberem disso, compartilhe.
Texto originalmente postado por mim em https://www.linkedin.com/pulse/profissionalismo-assassinado-pela-falta-de-miss%C3%A3o-s%C3%A9rgio-meneses

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