Outro dia em uma de minhas meditações
em meio ao meu retorno para casa em um ônibus lotado, percebi a presença do
vendedor da loja de parafusos na qual a empresa onde eu trabalho compra muito
material e comecei a refletir: sentamos no ônibus, passamos por pessoas na rua
e muitas vezes trocamos algumas palavras com pessoas que para nós são
verdadeiros anônimos mas assumem no seu dia a dia papéis tão importantes. Notem
esse rapaz que eu citei: ele simplesmente move coisas que ele nem imagina,
quantas vezes precisei dos benditos parafusos para não deixar máquinas paradas
que por sua vez alimentam América latina, do Norte e Europa com film stretch.
Ao mesmo tempo esses parafusos são enviados para nossos fornecedores de matéria-prima,
insumos além de fábricas de automóveis, pneus e por aí vai. Imagina se esse
cara não nos atende?
E por aí vão professores que
preparam a geração que está chegando para mover o país, funcionários públicos,
profissionais liberais, gente de todo tipo e responsabilidade, mas quando
estamos dentro do ônibus somos todos anônimos para que apareça a importância do
motorista e do cobrador que são as estrelas do transporte público.
O interessante é que comecei a
refletir que não precisam dos momentos de luto para perceber que somos todos
iguais e que devíamos ter respeito uns pelos outros independente da nossa
posição, idade, cor, grau de instrução. Até porque, graças à Deus, os momentos
de luto são poucos geralmente ao decorrer da vida e essa reflexão sobre o fim
de todas as coisas logo se vai com o luto e muitas vezes voltamos a praticar
tudo aquilo que percebemos, somente nessa hora, que não faz sentido.
“Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete,
pois ali se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao
coração.
Melhor é a tristeza do que o riso,
porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.
O coração dos sábios está na casa do luto,
mas o coração dos tolos na casa da alegria”.
(Eclesiastes 7.2-4)
Quando a bíblia levanta a questão de que o coração do sábio está na
casa do luto, para mim é claramente dito que na vida do sábio a reflexão da
condição humana está presente todo o tempo, da nossa fragilidade, de que não
somos melhores que ninguém pela quantia em nossa conta bancária, por alguma
habilidade que possuímos, pelos títulos conquistados, por andar de carro e não
de ônibus junto com os “anônimos” e por aí vai.
Voltando para o ônibus, naquele momento
comecei a ver as pessoas como engrenagens movendo esse mundo que nos rodeia e
hoje quando alguém não pega o ônibus naquele mesmo horário eu realmente não sei
o que aquela pessoa faz, mas tenho certeza eu o dia no nosso planeta não será
igual e talvez você esteja rindo e dizendo que sou muito exagerado, mas quem
disse que você precisa notar o movimento de translação e rotação da terra, mas
se parasse iriamos notar e a depender onde essa engrenagem se encaixe pode
parar a terra para você ou para mim. Vai que é o cara do fórum que autentica
documento e você só tem meia hora para sair do trabalho, mas a fila dobrou porque
ele faltou e você só tinha esse dia para fazer isso?
E diante disso tudo é tão claro onde
Deus entra na história, porque independente da nossa importância nessa
engrenagem buscamos deixar o anonimato entendendo a que propósito nós servimos
e diante de tudo que realizamos que valor realmente existe em tudo isso. Porque
a morte reduz a nossa vida e atitudes a simples sobrevivência terrena. Creio
que Deus nos reserva mais que isso, uma vida eterna sem anonimato, pois ele
conhece a cada um pelo nome e reduzirá as nossas diferenças a “zero” quando
estaremos diante dEle se seguirmos o único caminho até a salvação através de
Jesus Cristo. E daí a vida tem todo sentido vivendo essa verdade:
“Porque dEle, por Ele e para Ele
são todas as coisas”.(Romanos 11.36a)
E que no contar dos nossos dias, os nossos pés
tragam as marcas de uma caminhada guiada por Deus.